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FCO: Ampliação do Crédito via Cooperativas Pode Impulsionar Economia Regional

FCO: Ampliação do Crédito via Cooperativas Pode Impulsionar Economia Regional

Sumário

O Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) é um instrumento essencial para estimular o crescimento econômico na região. Criado para fomentar atividades produtivas em estados como Mato Grosso, sua função é ampliar o acesso ao crédito e apoiar o desenvolvimento sustentável. Entretanto, o modelo atual de repasse de recursos ainda enfrenta limitações que restringem o seu alcance.

Hoje, grande parte da operação do FCO está centralizada no Banco do Brasil, o que tem gerado gargalos no atendimento, principalmente em municípios mais distantes ou com pouca infraestrutura bancária. Isso representa um obstáculo para pequenos empreendedores, que muitas vezes não conseguem acessar os recursos, apesar de haver verba disponível. Nesse contexto, o papel das cooperativas financeiras se torna ainda mais estratégico.

Ao proporem a ampliação da participação das cooperativas no repasse do FCO — de 10% para 20% — representantes do setor produtivo pretendem tornar o fundo mais acessível. A proposta é vista como uma forma eficaz de descentralizar o crédito, garantindo que os recursos cheguem a quem realmente precisa. Com mais capilaridade, as cooperativas podem preencher lacunas deixadas pelos grandes bancos.

FCO: Ampliação do Crédito via Cooperativas Pode Impulsionar Economia Regional

Cooperativas de crédito: maior capilaridade e impacto local

As cooperativas financeiras estão presentes em praticamente todos os municípios de Mato Grosso. De acordo com dados apresentados pela Aliança do Setor Produtivo, 95% das cidades do estado contam com pelo menos uma unidade dessas instituições. Isso lhes confere uma enorme vantagem logística e operacional para operar o FCO de forma mais eficiente.

Além da presença física mais ampla, as cooperativas também são reconhecidas por liberarem créditos com ticket médio menor. Essa característica é essencial para pequenos empresários e produtores, que costumam solicitar valores mais baixos e necessitam de menos burocracia. Portanto, ao ampliar a participação das cooperativas no FCO, há um ganho direto na inclusão financeira.

Outro ponto importante é que as cooperativas mantêm um relacionamento mais próximo com os associados. Isso permite uma avaliação mais humana e personalizada do crédito, o que reduz inadimplência e torna a aplicação dos recursos mais eficaz. Essa conexão com a realidade local fortalece o papel dessas instituições como agentes de transformação econômica.

Subutilização dos recursos e a necessidade de revisão do modelo atual

Um dos principais problemas identificados pelas entidades do setor produtivo é a subutilização dos recursos do FCO. Entre 2002 e 2024, aproximadamente R$ 4,5 bilhões deixaram de ser aplicados. Esse número representa cerca de 10% do total disponível. É um paradoxo preocupante, já que, ao mesmo tempo, muitos empresários enfrentam dificuldades para conseguir crédito.

A causa dessa ineficiência está, em parte, no atual modelo de repasse, que limita as possibilidades de acesso e não acompanha as transformações do mercado financeiro. Como resultado, muitas regiões continuam carentes de investimento, mesmo havendo dinheiro em caixa. Esse cenário reforça a urgência da proposta da Aliança do Setor Produtivo para reestruturar o uso do FCO.

A descentralização da operação para as cooperativas, conforme sugerido, pode ser uma solução eficiente para esse impasse. Com mais agentes repassadores, os recursos do FCO têm maior chance de serem efetivamente aplicados. Isso beneficia não só os empresários, mas também a economia regional como um todo, que ganha em dinamismo e competitividade.

FCO: Ampliação do Crédito via Cooperativas Pode Impulsionar Economia Regional

Aliança do Setor Produtivo: união estratégica em favor do crédito

A proposta de mudança no FCO ganhou força durante um café da manhã realizado na sede da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), em Cuiabá. O evento contou com a presença dos presidentes da Famato, Fecomércio-MT e Fiemt, além de representantes da bancada federal e de cooperativas financeiras. Esse encontro simbolizou a força da união entre os setores produtivos do estado.

A chamada Aliança do Setor Produtivo defende pautas conjuntas que possam destravar o acesso ao crédito. Para isso, o grupo tem articulado apoio político e técnico a projetos de lei que ampliem a participação das cooperativas como operadoras do FCO. Trata-se de uma iniciativa que busca aliar conhecimento técnico, articulação política e estratégia institucional.

Entre os projetos apoiados estão os PLs 5187/2017, 912/2012 e 532/2015. Todos eles propõem mudanças estruturais na forma como os fundos constitucionais são operados. Com base em dados concretos, os representantes da Aliança argumentam que a ampliação do crédito via cooperativas pode gerar um impacto positivo direto na produtividade e na geração de emprego em Mato Grosso.

O papel do crédito na retomada econômica e no comércio

Durante o evento, representantes do setor comercial também destacaram o papel do crédito na recuperação da economia local. Muitos empresários ainda enfrentam os efeitos da pandemia de Covid-19, que comprometeu o capital de giro e inviabilizou investimentos. Nesse sentido, o FCO pode ser um instrumento fundamental de reestruturação.

De acordo com o presidente da Fecomércio-MT, José Wenceslau de Souza Júnior, é necessário facilitar o acesso ao crédito com juros mais atrativos. Ele ressaltou que muitos empreendedores do comércio recorreram ao FCO nos últimos anos, mas ainda enfrentam barreiras. As cooperativas, por sua vez, conseguem alcançar esses empresários de forma mais eficiente.

Além disso, o fortalecimento das cooperativas como operadoras do FCO favorece a diversificação da economia local. Isso se deve à capacidade dessas instituições de atender desde microempreendedores até médios produtores, ampliando as oportunidades de desenvolvimento. Com crédito mais acessível, novos negócios podem surgir, e os existentes podem se expandir.

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Compromisso político e próximos passos da proposta

A deputada federal Coronel Fernanda, presente no encontro, reconheceu a legitimidade da proposta e se comprometeu a ampliar o diálogo com outros parlamentares da região. Ela afirmou que vai apresentar o tema à bancada de Mato Grosso e também articular apoio com representantes de Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul, fortalecendo uma pauta comum para o Centro-Oeste.

Esse apoio político é essencial para transformar a proposta em realidade. A mudança no modelo de repasse do FCO exige alterações legislativas e mobilização institucional. Por isso, a continuidade das reuniões entre setor produtivo e parlamentares é fundamental para manter o tema na agenda e avançar com os projetos de lei em discussão.

Segundo os organizadores do encontro, novas reuniões devem ocorrer a cada dois meses. O objetivo é manter o tema em evidência e garantir que os avanços se concretizem com base em dados, argumentos técnicos e apoio popular. Dessa forma, será possível construir um modelo de crédito mais justo, eficiente e inclusivo para todo o Centro-Oeste.

FCO e a inclusão de pequenos produtores e microempresas

A ampliação do FCO por meio das cooperativas pode ser um divisor de águas para pequenos produtores e microempresários que enfrentam dificuldades para acessar linhas de crédito tradicionais. Essas categorias representam uma grande parcela da economia regional, mas muitas vezes são ignoradas pelas grandes instituições financeiras devido ao baixo valor de financiamento solicitado ou à informalidade de seus negócios.

As cooperativas de crédito, por outro lado, possuem um modelo mais flexível e voltado para a realidade local. Elas conseguem oferecer crédito com menos burocracia e taxas mais justas, o que torna o FCO mais acessível a esses empreendedores. Além disso, o vínculo entre cooperativas e associados fortalece o compromisso com o uso correto dos recursos.

A inclusão dessas camadas produtivas é essencial para o desenvolvimento sustentável e para a redução das desigualdades econômicas dentro do estado. Com acesso facilitado ao FCO, pequenos negócios podem se formalizar, crescer e gerar empregos em suas comunidades. Essa é uma forma de transformar o crédito público em oportunidades reais de progresso.

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FCO como ferramenta de estímulo à inovação e sustentabilidade

Outra frente importante de atuação do FCO, especialmente com a participação das cooperativas, é o fomento à inovação e à sustentabilidade. Muitas linhas de crédito disponíveis por meio do fundo são voltadas para modernização, aquisição de equipamentos sustentáveis e investimento em tecnologias limpas — áreas cada vez mais estratégicas para o setor produtivo.

A proximidade das cooperativas com os produtores e empresários locais permite identificar com mais precisão projetos inovadores que merecem apoio. Diferente dos grandes bancos, que seguem critérios padronizados, as cooperativas podem adaptar suas análises às realidades regionais e valorizar ideias que gerem impacto ambiental e social positivo.

Com uma política de crédito mais voltada à sustentabilidade e inovação, o FCO se consolida como um fundo moderno, alinhado às novas demandas do mercado e às exigências ambientais. Estimular esse tipo de investimento é fundamental para manter a competitividade de Mato Grosso e do Centro-Oeste como um todo, ao mesmo tempo em que se promove responsabilidade socioambiental.

o FCO como instrumento de transformação regional

A proposta de ampliar a participação das cooperativas no FCO é uma medida estratégica e necessária para o futuro econômico de Mato Grosso e da região Centro-Oeste. Com maior capilaridade, menor burocracia e maior proximidade com os empreendedores, as cooperativas podem transformar o acesso ao crédito em uma alavanca de desenvolvimento sustentável.

Além disso, a iniciativa corrige distorções históricas no uso dos recursos públicos, garantindo que eles cheguem de fato a quem mais precisa. Trata-se de uma abordagem mais eficiente, democrática e alinhada às necessidades reais do setor produtivo. Quando bem aplicado, o FCO deixa de ser apenas um fundo e se torna um motor de transformação.

Por fim, o sucesso dessa proposta depende do alinhamento entre setor produtivo, instituições financeiras e poder público. Com diálogo, estratégia e compromisso, é possível construir um novo modelo de desenvolvimento regional, no qual o crédito é acessível, o investimento é estimulado, e o crescimento econômico se torna uma realidade para todos.

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