Os especialistas do mercado têm reduzido fortemente as expectativas de crescimento econômico do Brasil para 2019 e 2020. Por trás desse pessimismo está a difícil tramitação da Reforma da Previdência.
Em 2018, conforme as eleições presidenciais foram se encaminhando para a vitória de Jair Bolsonaro, o mercado começou a ficar otimista acerca do futuro da economia brasileira. Isso ocorreu pois, em um cenário onde uma série de reformas impopulares eram necessárias para que o país voltasse a crescer, o presidente apresentava índices altíssimos de aprovação por uma vasta parcela da população, o que o credenciava para propor e aprovar as reformas. O mercado achou que Bolsonaro aprovaria rapidamente a reforma da previdência, a mais urgente de todas, e já partiria em seguida para a reforma tributária, do comércio exterior, para as privatizações e toda a agenda modernizadora.
Infelizmente, o mercado errou. A reforma da previdência está enfrentando dificuldades e tramitando lentamente. E isso se reflete nas seguidas baixas de projeções do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2019. Já em maio, o mercado reduziu suas projeções do crescimento pela 13ª vez.
“Mas onde o meu empreendimento, ou a minha vontade de empreender, se encaixa nessa história?”
O crescimento do PIB não representa apenas números em um relatório, ele reflete o crescimento da demanda agregada da sociedade. A demanda agregada é composta pela soma do consumo, investimento, exportações menos importações e gastos do governo. Se há incerteza sobre o futuro, as empresas não investem e as famílias consomem menos. A demanda cai. O seu estabelecimento, por conseguinte, provavelmente venderá menos.
“Certo, mas por que é necessário que se reforme a previdência para que o país volte a crescer?”
De acordo com o Ministério da Economia, há 40 anos, havia 14 contribuintes por idoso. Atualmente, há apenas 7, e a previsão para a proporção quando a próxima geração ingressar no mercado de trabalho é de 2,3.
Dessa forma, fica evidente que, devido ao envelhecimento da população, não há como manter o atual sistema previdenciário sem destinar a ele recursos provindos de outras formas de arrecadação.
Logo, caso a reforma da previdência não seja aprovada, há 2 maneiras de se lidar com a situação. A primeira é aumentar a tributação, para que se possa pagar o crescente montante destinado a aposentadorias, o que torna o empreendedorismo ainda mais desinteressante, dada a já elevada carga tributária brasileira.
A segunda possibilidade seria “imprimir dinheiro”, através do Banco Central, para que se possa arcar com os custos das aposentadorias. Além da perda da credibilidade do Brasil no mercado internacional, isso geraria inflação, o que, como as décadas de 1980 e 1990 demonstraram, não é nada bom para o ambiente de negócios.
Vale ressaltar, ainda, que reformar a previdência não é a única coisa necessária para que o Brasil passe a ter um bom ritmo de crescimento econômico. Há uma série de outras reformas necessárias para que isso ocorra. O navio Brasil está com o casco furado. Reformar a previdência é consertar o casco, providência essencial para poder navegar. Mas não é suficiente para garantir que o navio vá percorrer grandes distâncias em rápida velocidade (crescer economicamente). Portanto, a reforma da previdência é imprescindível para que o navio Brasil não afunde.
E quem é que consegue empreender em um navio afundando?
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