O que é o Índice de endividamento Geral?
Ao analisar o risco de inadimplência, como financiamentos e empréstimos, o IEG (Índice de Endividamento Geral) pode revelar a saúde financeira da sua empresa.
Ademais, o Índice de Endividamento Geral pode ser utilizado para analisar o comportamento financeiro da sua empresa ao longo do tempo.
Este índice indica a porcentagem de ativos que estão sendo financiados com dívidas (capital de terceiros).
Quanto maior o índice, maior o grau de alavancagem e risco financeiro (risco de inadimplência).
É comumente utilizado pelos credores para avaliar se a empresa tem capacidade suficiente para saldar suas obrigações de dívidas, assim como se a empresa pode pagar o retorno dos investimentos aplicados.
Como calcular o Endividamento Geral?
É preciso analisar o balanço financeiro da sua empresa a fim de efetuar o cálculo do Índice de Endividamento Geral.
Para tal, é preciso considerar duas contas financeiras da empresa: capital de terceiros e ativo total.
O capital de terceiros são as dívidas de curto e longo prazo, tais como:
- Financiamentos;
- Empréstimos;
- Fornecedores;
- Salários a pagar;
- Impostos a pagar;
- E etc.
Ativo total é a soma de todos os bens e direitos que a empresa possui, como, por exemplo:
- Maquinários;
- Veículos;
- Terreno/lote;
- Dinheiro em caixa;
- Estoques;
- Entre outros.
A fórmula para calcular o Índice de Endividamento Geral é a seguinte:
Exemplo de cálculo do índice de endividamento geral
Imaginemos que sua empresa tenha R$ 10.000,00 a pagar de fornecedores no próximo mês e um empréstimo de R$ 5.000,00 para ser pago no ano que vem.
Além disso, consideremos que sua empresa possua máquinas que valem R$ 15.000,00 e tenha R$ 35.000,00 em estoque.
Efetuando os cálculos, temos:
Interpretando o resultado
Após a etapa de calcular o Índice de Endividamento Geral, é possível fazer algumas interessantes análises. Abaixo estão descritas as interpretações mais comuns dos diferentes resultados que se obtém dos cálculos:
- Normalmente, se o resultado do cálculo for superior a 100% pode indicar que as dívidas da empresa são maiores que os seus ativos. Significa que a empresa é extremamente alavancada – endividada – e por conta disso, é muito arriscado aos credores para emprestar ou investir dinheiro na empresa
- Se o resultado for igual à 100%, é uma situação parecida com a anterior, porém, com a curiosidade de que a dívida é igual aos bens e direitos da empresa. Também pode apontar que a empresa está alavancada, uma vez que a porcentagem continua alta.
- Usualmente, se o índice for menor que 100%, pode mostrar que dessa vez as dívidas são inferiores aos ativos totais do empreendimento. Quanto menor que 100% for esse valor, menos arriscada a empresa será.
No exemplo acima, o Índice de Endividamento Geral é de 30%.
Tal valor denota que a empresa possui um risco baixo de se tornar inadimplente, o que colabora no momento de atrair sócios para investir na empresa, bem como obter empréstimos e/ou financiamentos em bancos.
Vale destacar que a análise pura e única do resultado do Índice de Endividamento Geral não implica que a empresa esteja em maus lençóis ou em crescimento despreocupado.
Existem fatores internos e/ou externos à empresa, que podem servir de parâmetro para interpretar a performance e os riscos associados ao empreendimento, como será destacado a seguir.
Qual o grau de endividamento ideal para minha empresa?
A melhor resposta é que não existe um número de ouro que as empresas precisam buscar.
O grau de endividamento é uma medida que gera resultados diferentes entre setores diferentes, entre diferentes empresas de um mesmo setor e até mesmo entre diferentes períodos de uma mesma empresa.
Abaixo, listamos alguns fatores que o ajudaram a ler o significado desse índice:
Coerência com a estratégia da empresa
Nem sempre que se buscou um empréstimo, que necessariamente aumenta seu endividamento, será um ponto negativo do seu negócio.
Veja, uma demanda maior pode ter exigido que sua empresa abrisse uma nova planta, necessitando de novas máquinas e equipamentos, por exemplo.
O importante é que se saiba o porquê do seu endividamento ter aumentado, e manter uma vigilância constante dessa dívida, sempre arcando com seus compromissos assumidos.
Comparar com o histórico passado da empresa
Se a sua empresa já existe há algum tempo, provavelmente é possível que você possa calcular o Índice de Endividamento Geral de anos anteriores para compreender a sua situação atual.
Se você já teve um índice menor e hoje percebe que as dívidas estão onerando muito seu capital de giro, será possível entender que o seu limite teórico passou do ponto em algum momento.
Mas isso também pode ser considerado com outros fatores importantes também.
Como a diminuição de prazos com fornecedores ou a adoção de prazos para receber maiores exigirão mais capital de giro, prejudicando o pagamento de dívidas contraídas pela empresa.
Por isso, o indicador precisa ser analisado em conjunto com outros fatores financeiros do seu negócio.
Comparar com empresas do setor
Empresas do mesmo ramo são também passíveis de comparação para qualquer indicador financeiro que haja disponível.
Em geral, a estratégia das empresas varia entre si, gerando também diferentes índices de endividamento.
A ideia, nesse caso, é que esse indicador pode servir como um sinalizador de qual estratégia aquela empresa está tomando – alta alavancagem ou baixa alavancagem – e quais são os mínimos e máximos de endividamento naquele setor.
O que devo fazer para reduzir o endividamento?
A importância de melhorar a relação dívida sobre o ativo total advém da dificuldade de se conseguir empréstimos a juros mais baixos.
Pois, com uma alavancagem alta significa que os credores enxergam a empresa como um investimento de alto risco.
Ademais, como o risco de inadimplência é grande em uma situação de endividamento alta, caso o seu negócio seja liquidado – vender os ativos para pagar as dívidas – ele pode não ser capaz de pagar todas as obrigações existentes.
Como melhorar as dívidas da empresa
Não se desespere se o Índice de Endividamento do seu empreendimento esteja em um nível alto, existem estratégias que são usadas pelas mais variadas empresas para contornar essa problemática.
Aumentar a lucratividade, realizar gestão eficiente de estoques e reestruturar dívidas, são as ações mais comuns executadas pelas entidades empresariais.
Receitas
O passo mais lógico que uma empresa pode dar para reduzir seu endividamento é aumentar as receitas de vendas, e com isso, aumentar os lucros.
Isto pode ser feito expandindo as vendas, diminuindo custos ou elevando os preços dos produtos/serviços.
Gestão de Estoques
Uma segunda alternativa é melhorar a gestão de estoques do seu negócio. Estoques altos além do necessário para atender clientes em um tempo hábil, é um desperdício de caixa do empreendimento.
Valer-se de alguns indicadores de Gestão de Estoques, como, por exemplo, o de Giro de Estoques, é uma opção para determinar a eficiência que o estoque está sendo gerenciado.
O Giro de Estoque é a taxa na qual uma empresa repõe o estoque em um determinado período devido às suas vendas. Seu uso convém para averiguar quais produtos possuem uma menor procura, e vice-versa.
Quanto maior for este indicador, geralmente maior será o lucro, o contrário é válido.
Reestruturação de Dívidas
Por fim, reestruturar dívidas pode ser outro caminho interessante e factível para uma empresa melhorar sua relação de débitos.
Caso ela esteja pagando juros altos sobre seus empréstimos/financiamentos e a Selic (taxa básica de juros) esteja baixa, é interessante buscar refinanciar a dívida existente.
Tal fato reduz as despesas financeiras – juros e encargos -, aumentando a lucratividade e o caixa da empresa. Esta é uma tática que permite captar melhores condições de financiamento e desfrutar de dívidas mais saudáveis.
Como aumentar o endividamento com segurança?
Primeiro, é preciso salientar que se ao comparar com outros períodos e outras empresas você encontrou um índice baixo, não necessariamente a empresa pode tomar crédito a qualquer custo: é necessário que a empresa tenha objetivos claros que exijam capital de terceiros.
A estratégia da empresa, nesse caso, deve ser o determinante, e não meramente os indicadores financeiros.
Outros fatores importantes não são capturados pelos índices de liquidez do empreendimento: qual é o custo financeiro dessas dívidas (juros)? como as dívidas atuais estão afetando o caixa mês a mês?
Por esse motivo, a análise da captação de recursos deve considerar outros elementos importantes:
- Projetar o caixa com o pagamento dessas novas dívidas e de aumentos nas receitas;
- Mudanças a serem feitas no capital de giro;
- Comparação entre diferentes opções de financiamento/empréstimo.
Isto é, é possível fazer essas análises e ainda outras que possam garantir tanto que a empresa pode tomar esses recursos, como também como ela precisará agir para manter seus compromissos em dia.
Outra possibilidade a se considerar é a possibilidade de aceitar aportes de novos acionistas na empresa, o que em geral é melhor, pois nesse caso não há um acréscimo no pagamento de despesas financeiras como juros, por exemplo.
Enfim, um órgão que pode auxiliá-lo a fazer todas essas análises é a tesouraria: nela, além de ser gerido o capital de giro da empresa, também há funcionários capacitados para fazer projeções e elaborar diferentes cenários para a captação de recursos.
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